Conheça a história da fundação da Associação Cel PM R/R João Elói Mendes de Oficiais da Reserva da PMSC e do CBMSC

ASSOCIAÇÃO CEL JOÃO ELOI MENDES – SUA HISTÓRIA

 

A FUNDAÇÃO

 

     Oficialmente, a Associação Coronel João Elói Mendes foi fundada no dia 19 de março de 1992, durante uma das reuniões que os oficiais inativos realizavam ocasionalmente no salão da sede social do Clube Barriga Verde dos Oficiais da PMSC – CBVOPM, situado na Av Hercílio Luz, esquina com a Rua Emílio Blum, no centro de Florianópolis, por proposição do Cel RR Zízimo Moreira, na época o coordenador de um grupo de coronéis RR que, de reunião em reunião, vinha em busca de soluções para os inúmeros problemas que afligiam a reserva da PMSC.

 

     A proposta apresentada numa reunião convocada para este fim foi de “se criar um grêmio dos oficiais da reserva denominado de Grêmio Coronel João Elói Mendes”, que teve a aprovação incontinente e unânime do grupo reunido. A justificativa do proponente quanto a escolha do nome daquele oficial “era em homenagem por ter sido, ele, o idealizador das primeiras Reuniões dos Coronéis”. De pronto o Cel Antônio de Lara Ribas, sentado junto ao coordenador, fez um reparo dizendo que esta agremiação deveria ser uma nova versão da antiga “Reunião dos Coronéis”.

 

     Como vemos a fundação deste grêmio não foi espontânea e nem veio por acaso, mas foi inspirada por “movimentos” anteriores e por outras aspirações de aglutinação da classe que, obrigatoriamente, teremos que abordar para que se possa entender como ocorreu esta evolução. Também, a intitulação de “grêmio” deixa claro que não se desejava uma instituição que viesse a competir com o Clube Barriga Verde, este sim uma associação. Queria-se uma entidade que aglutinasse e representasse os oficiais da reserva, dentro do princípio de que  “unidos somos mais fortes”.

 

OS PRIMÓRDIOS

 

1-DO JANTAR DA MISÉRIA À REUNIÃO DOS CORONÉIS

 

     Pelo que conhecemos e pelos conhecimentos de nosso conhecedor mor dos causos e casos da Corporação, ela foi sempre pródiga em promover o aglutinamento da classe em prol de algum objetivo. Se o objetivo em cada ocasião foi conseguido é outra história, mas se estamos relatando o que aconteceu, é porque, pelo menos, conseguiram chamar a atenção e ficou gravado para a posteridade. Sendo assim, bem ou mal, o objetivo foi alcançado, bem ou mal, mesmo com algum espaço de tempo, estes movimentos de aglutinação continuaram e continuam no objetivo da Associação Elói Mendes que, bem ou mal, tenta aglutinar a reserva com algumas adesões e muitas indiferenças.

 

     Podemos começar o relato pelo “Jantar da Miséria”, ou simplesmente “miséria”[1] – nome por si só auto explicativo do fato e da intenção – que congregava um grupo de oficiais da ativa. Nesses jantares os comensais comiam e bebiam à vontade e a conta era paga por alguém da administração, provavelmente na conta das Economias Administrativas, que lançava as parcelas devidas por cada um para desconto no mês seguinte. Quase sempre o local onde aconteciam tais reuniões era no Praia Clube, em Coqueiros, posteriormente incorporado pelo Clube Doze de Agosto. Por quanto tempo esses jantares perduraram, não posso precisar, mas podemos escrever com maior chance de acertar que tais jantares foram os precursores ou inspiraram as reuniões posteriores, então conhecidas como “A Ceia dos Coronéis”, dentro do relato de nosso conhecimento.

 

     Pois bem, no tempo do Cel Elói Mendes eram poucos os oficiais RR da Polícia Militar e muito menos no posto de Tenente Coronel ou Coronel[2]. Coronel, quando ia para a reserva já era muito conhecido da sociedade local, gozando até de certo prestígio, mas era, como ainda hoje, esquecido pela Corporação e abandonado à própria sorte. A preocupação do comando e automaticamente do governo era para com a tropa, para com o pessoal pronto, em atividade. Ir para a reserva era ir para seu próprio canto, cuidar de seus afazeres e lamentar suas penúrias. Dispersava-se dos companheiros que permaneciam na ativa ou que já haviam ido “para casa”, expressão que significava aposentadoria.

 

     O Cel Elói Mendes, ao deixar o Comando e ir para a reserva, não admitia esta dispersão dos companheiros que ombrearam grande parte de suas vidas, sofrendo as agruras da profissão e a desempenhando como um sacerdócio; a reserva não pode ser separação, pode não haver mais a farda a aglutinar, mas haverão memórias do passado, histórias comuns capazes de justificar reencontros. Assim pensando, o Cel Elói passou a aglutinar os coronéis da reserva[3], em especial nos dias que iam receber seus minguados soldos, promovendo reuniões em restaurantes para aperitivos e almoços onde, eventualmente, a pomposidade ultrapassava as reais condições financeiras do grupo.

 

     Nessas condições, além das relembranças dos “causos” da ativa, desfiavam suas lamúrias e buscavam soluções para suas angústias. Se nada resolviam, ao menos se reuniam, cultivavam o sentimento de amizade e camaradagem, desabafavam com quem realmente entedia os problemas. Esqueciam as mazelas oriundas dos tempos da ativa motivadas por disputas políticas, pelas promoções, pelas picuinhas nascidas nos corredores dos quartéis. Nessas reuniões, o passado era lavado e se vivia um novo tempo. Havia o respeito, não mais a subordinação.

 

     As tais reuniões o tempo se encarregou de denominar “Reunião dos Coronéis” e como tal passou a ser conhecida, a ser esperada e a ser valorizada. Era uma honra estar neste grupo de comensais. Perdurou por anos, chegou ao conhecimento dos oficiais da ativa e, de uma forma ou de outra, elevou o prestígio e a importância do posto de coronel, mesmo na reserva, já que, dentre esses, sempre havia alguém com importantes contatos político e/ou social, capaz de facilitar a resolução de “problemas pendentes” ou a conquista de “aspirações da classe”.

 

     Se o tempo promovia novas adesões, permanecia sempre um “núcleo de liderança representativa”, representada pelo Cel Lara Ribas. Talvez uma dessas últimas reuniões foi a organizada pelo líder, Cel Lara Ribas, em sua residência/sítio nos altos de Cacupé. Lá, num local paradisíaco, cercado de árvores ornadas de orquídeas, reuniram-se coronéis da reserva e da ativa num farto almoço de confraternização, com o comparecimento do Comando Geral, tendo à frente o Cel Guido Zimermann e da qual também participei.[4]

 

2-NOVAS REUNIÕES

 

     Passado algum tempo os coronéis não mais se reuniam. Estavam dispersos e sua quantidade havia aumentado talvez na mesma proporção que seus problemas, suas angústias e aflições. As preocupações do governo eram sempre com a ativa e as dos comandos com “sua tropa”, na qual a reserva não estava inclusa. Reserva, para que te preciso? Esquecida, para a reserva só sobravam migalhas. A ativa só olhava para seu próprio umbigo, esquecendo que o amanhã inexoravelmente chegará. Para os da ativa, a reserva é como a morte para quem está vivo: “sei que chegarei nela… mas não é para agora, então… por que me preocupar com ela?!”

 

     Neste meio tempo surge na ativa um coronel que começa a abraçar as questões da reserva, a levantar seus direitos, a elaborar suas petições, a mostrar caminhos para as soluções salariais: o Cel Mauri Vieira. A este baluarte da ativa se junta um líder da reserva, cheio de esperanças e com ânimo e disposição para ir em busca de melhores dias para a sua classe: o Cel Zízimo Moreira. A passagem do Cel Mauri para a reserva e a dobradinha de ambos formando a “dupla dinâmica” oferecia, enfim, todos os ingredientes para que a reserva, até então desorganizada, pulverizada e desconsiderada, promovesse uma substancial transformação capaz de lhe dar mais dignidade e consideração. Tinha que mostrar a força da reserva e tirar do estado que se encontrava, de “cada um por sí e Deus por ninguém”. Por esta época, o Clube Barriga Verde se funde com o Clube dos Oficiais formando o Clube Barriga Verde dos Oficiais e vislumbra-se, nesta nova entidade, mais forte e com promessas de dinamismo, o caminho para a busca de novos tempos para a  reserva.

 

3-DEOFI

    

     A dupla dos coronéis Mauri e Zízimo está atuante. Buscam caminhos,  planejam ações e mostram soluções. Dão novas esperanças. Convocam os coronéis para uma reunião no Clube Barriga Verde, fixa no horário das 12h e seguida de almoço. A convocação para o dia 11 de setembro de 1991 foi para tratar da possibilidade de promover, através de uma Assembleia Geral a ser convocada por seu presidente, uma alteração estatutária onde seria criado um Departamento de Oficiais Inativos, (DEOFI) cujo “Diretor” deste departamento, sempre um oficial inativo, estaria inserido na diretoria Executiva do clube.

 

     Seria necessário, no entanto, o convencimento da Diretoria do Clube para a aceitação desta proposta e a convocação de uma Assembleia Geral. Para tanto, foi eleita uma “comissão de convencimento” composta pelos coronéis Moré, Júlio, Zízimo, Saulo, Mauri, Nataliel e Morelli. Até houve uma autorização verbal para a implantação e funcionamento desta Diretoria, assumida pelo Cel Mauri, que ocupou uma sala nas dependências da sede urbana. Entretanto, nunca foi convocada uma assembleia geral para este fim, nunca foi criada oficialmente a tal Diretoria e o tempo acabou por sepultá-la sem que tivesse nascido. Valeu a intenção; intenção, principal ingrediente que alimentava as esperanças da reserva.

 

4-AGLUTINAÇÃO DA RESERVA

 

     Constatando que o DEOFI havia sido “um tiro n’água”, os coroneis Zízimo, Mauri e Nataliel vão ao encontro do Cel Hugo, em Itapirubá, onde residia. O Cel Hugo era outro idealista, repleto de boas ideias, bem intencionado, sempre disposto e com tendência ao saudosismo e feitos históricos. Desta reunião em sua casa, nasceu o propósito de se fundar uma entidade que aglutinasse a reserva e, ao mesmo tempo, promovesse estudos da história da PMSC. Na ocasião, o Cel Zízimo recebeu vários livros de atas de iniciativas dessa natureza que não prosperaram.

 

     Ao final ficou decidido que marcariam nova reunião no Clube Barriga Verde, com a presença dos oficiais da reserva, independente de posto – acabando com a “panelinha” dos coronéis – e nesta seria preparado o espírito dos presentes para a fundação de uma agremiação exclusiva da reserva através de uma palestra do Cel Hugo sobre um fato histórico da PM e a importância da reserva para a Corporação. Seria uma “reunião festiva” a fim de que a ideia lançada evoluísse na mente de cada um. Ficou acertado ainda que esta nova entidade, que certamente seria criada, estaria sob a direção do Cel Zízimo, tendo como secretário o Cel Nataliel.

  

     Esta reunião veio a ocorrer no dia 18 de dezembro de 1991 e pela data próxima ao Natal, teve um toque todo especial, já que todos estavam impregnados pelos festejos natalinos, com espíritos desarmados e sobrando esperanças. Esta reunião foi presidida pelo decano dos coronéis, Cel Lara Ribas, contando com a presença do Cmte Geral Cel Freitas e com a participação de um grande número de oficiais inativos dos mais variados postos que lotaram – extrapolando a previsão – o salão do CBVOPM.

 

     Já na abertura, o dirigente, Cel Lara Ribas, exortou a todos para que deixassem fluir os seus sentimentos de “entendimento e camaradagem”, ao tempo em que o Cel Hugo, numa alocução vibrante, enaltece o papel da reserva apregoando-a como “o elo de uma geração que carrega em seus ombros a carga de uma tradição a ser entregue a outra geração e assim sucessivamente”. Fala com saudosismo do Laço Húngaro e sua substituição pelas estrelas e, por esse caminho, vai preparando o espírito dos presentes para a necessidade de se criar uma entidade a englobar exclusivamente a oficialidade da reserva, possibilitando sua aglutinação, coesão e união para cumprir sua missão de “carregar as tradições da Instituição, geração após geração.”

 

     A forma escolhida, uma reunião festiva, tem como princípio que são nas festas, em volta das mesas, à frente de um prato ou um copo, que se formam os ambientes de união, de amizade, de companheirismo, de comprometimento. Com a miscigenação dos postos hierárquicos, estava sendo sepultada a então famosa e conhecida “Reunião dos Coronéis”. Fora lançada a semente de uma nova visão para reunir a reserva. O DEOFI não prosperou, o CBVOPM não criou o Departamento de Oficiais Inativos, nem sequer promoveu a assembleia geral. Sabemos que quando uma obra projetada não é iniciada, fica apenas na intenção, cai no esquecimento e fica apenas nos registros históricos; quando fica. Foi o que aconteceu com o DEOFI. Com a morte prematura e repentina do Cel Mauri, com ele foi sepultada a ideia da criação do DEOFI.

 

5-A ESPERADA REUNIÃO

 

     Assim, com as concepções pré-estabelecidas, espíritos preparados, a convocação para a reunião seguinte, no dia 19 de março de 1992, teve ampla aceitação entre os oficiais da reserva. No local costumeiro, com salão lotado, ou melhor, superlotado, faltando cadeiras, a reunião foi presidida pelo coordenador do grupo, Cel Zízimo, tendo a seu lado o então decano Cel Lara Ribas. Após as boas-vindas o  presidente apresentou a proposta da criação do Grêmio Cel João Elói Mendes. Proposta aceita e aprovada por unanimidade e, como já vimos, este novel grêmio já recebeu a incumbência de substituir a “reunião dos Coronéis”. Estava criado o Grêmio Cel João Elói Mendes, eleito seu primeiro presidente o Cel Zízimo Moreira e para secretário o Cel Nataliel.

 

     Do Cel Zízimo, a presidência passou para o Cel Saulo Souza, ex-Comandante-Geral e dele para este atual presidente. Há de se registrar que a inexistência de uma entidade exclusiva para reivindicar direitos, melhorias salariais e manutenção de conquistas – como vem fazendo a ACORS nos dias de hoje, aliada ao pouco interesse da ABVO nas causas jurídicas ou institucionais – levou a nova agremiação a aglutinar e também a lutar pelos anseios, direitos e desejos dos inativos, pleito hoje muito bem realizado quer pela ABVO, quer pela ACORS.

 

6-DE GRÊMIO A ASSOCIAÇÃO

 

     No limiar do novo milênio, já sob a atual presidência, foi realizada uma reforma estatutária dentre as quais a sua transformação de Grêmio para Associação, mas sempre com o escopo principal: aglutinar, reunir a Reserva, para que não nos tornemos “ilustres desconhecidos” como existem muitos, mas muitos mesmo.

Eis a história de nossa Associação Cel João Elói Mendes.

 

Cel PM R/R Edson Carlos Ortiga, Presidente da Associação Cel PM R/R

João Elói Mendes de Oficiais da Reserva da PMSC e do CBMSC.



[1] Miserê: primeiro nome dado ao Almoço dos Coronéis, atual Grêmio Elói Mendes, quando então reuniam-se os oficiais ao receberem os vencimentos para ágape festivo e farto sob a então batuta do inesquecível tesoureiro Cap Narbal – Cel Carlos Hugo de Souza, in “A Ceia dos Coronéis”

[2] Não estava em vigor, naquela ocasião, a Promoção requerida e nem se tinha a idéia de sua implantação.

[3] Podemos englobar nesta denominação todos os oficiais superiores, independente de seu posto.

[4] Assim me torno partícipe de nossa história.

* publicado em 29.05.2015.

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