12 de maio de 2010 | N° 8803 ARTIGOS ?Bico? para os policiais, por Sidney Eloy Dalabrida* “É lamentável, em tempos em que a segurança pública constitui prioridade de Estado, quando se exige dos policiais um comprometimento ético com a função, quando se aguarda por medidas concretas voltadas à valorização da função com a implementação de reajustes nos seus vencimentos, que se fale em autorizar o policial a exercer atividade de segurança privada, a fazer um bico. Qualquer pessoa de mediana inteligência percebe que o exercício da função pública de policial é inconciliável com a atividade de segurança privada. Eventual tentativa de compensar a baixa remuneração com a autorização dos ?bicos? traduz um total amadorismo em relação ao setor. O período de descanso constitui uma garantia mínima de que os policiais civis e militares, submetidos a estresse físico e psíquico constantes, poderão desempenhar a função pública de acordo com a expectativa social. Neste contexto, diante da dificuldade em reajustar seus vencimentos, comprar o seu descanso e pagar com dinheiro alheio, não só afronta elementares princípios constitucionais como fere a dignidade da pessoa humana, traduzindo-se, ainda, em uma medida de conteúdo ético indisfarçavelmente condenável. A medida permitirá uma profusão de situações conflituosas, constituindo-se, ainda, numa porta aberta para o uso indevido de meios policiais em favor de alguns e em prejuízo do interesse público. E já se pode prever quais serão os maiores beneficiados com o recrutamento de policiais mal remunerados, quase sempre contratados para o exercício de atividades aparentemente lícitas: ‘bingueiros’, bicheiros e outros contraventores. Pois bem, assim, para estes policiais não tardará muito para que a função pública de policial é que se tornará um ‘bico’!” * Promotor de Justiça FONTE: Diário Catarinense | |||||