Para homenagear neste 25 de agosto os Soldados da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar em Santa Catarina, a ACORS recorre a um poema da Maj Edenice da Cruz Fraga, agradecendo publicamente à escritora da Academia de Letras dos Militares Estaduais pela contribuição.
UM SAUDOSO SOLDADO
Homenagem a um idoso Soldado
Estando na Reserva, um antigo Soldado
sentou-se em um banco e se pôs a lembrar
de histórias vividas em um tempo passado,
longínquas lembranças da Polícia Militar.
Em seus devaneios, sonhando acordado,
com o olhar absorto, começou alto a falar.
Do portão do QG, o sentinela atento ouvia
o idoso homem solitariamente a conversar,
mas, para quem olhava de longe, até parecia
que ao seu lado estava alguém a lhe escutar.
O velho homem, envolto no véu da nostalgia,
mergulhou no passado e empolgou-se a narrar:
Outrora jovem, mostrando tão tamanha valentia,
jurei dar a minha própria vida para outras salvar.
Investi-me com a coragem, o denodo e a galhardia
e como Soldado entrei nas fileiras da Polícia Militar.
Senti-me um bravo, pois só um bravo escolheria
ser o bastião da sociedade e contra o crime lutar…
Não juntei riquezas nem terrenas honrarias,
meu maior galardão foi cada vida que eu salvei.
Com a mesma astúcia que Davi venceu Golias,
usei as armas da justiça e assim fiz cumprir a lei.
Com coldre na cintura, fui do morro às rodovias,
do negro ao branco jamais ninguém discriminei.
Tive momentos em que a dor no peito foi forte:
quando a pedrada bateu na face do fiel policial;
quando vi um fardado em seu leito de morte
por ter perdido a vida em ocorrência brutal;
quando vi meu parceiro perder o seu norte
e, levado pela ganância, trocou o bem pelo mal.
O aprendizado que tive foi minha alegria
nesta dura escola que é a vida na caserna.
Sempre zelei pela disciplina e a hierarquia,
pilares desta Instituição que eu julgo eterna.
Aprendi, com cada ocorrência que atendia,
que nem sempre o homem é o que externa.
O saudoso Soldado por minutos silencia,
e uma lágrima em sua face deixa deslizar.
Paira sobre o ancião um clima de nostalgia
e com as passadas curtas começa a marchar.
Dá três passos e faz alto, lembrando-se do dia
que, garboso, formou-se na Polícia Militar.
O jovem sentinela da guarda que a tudo via
sai do seu posto pra acordar o menestrel.
Meu decano, meu sábio, já és o meu guia,
acorda e comigo vem para o quartel.
Jamais pensei que hoje tanto aprenderia,
sinto que és um mestre mandado do céu!
* Publicado em 24.08.2014.