Clipagem de 2 de fevereiro

PRINCIPAIS NOTÍCIAS DE 02.02.2014

 

COLUNISTA RAFAEL MARTINI – Diário Catarinense

PRESENTE VAI PELOS ARES

Por falta de visão estratégica, jogo de empurra e até disputa de vaidades, a Polícia Militar de SC está prestes a perder a oportunidade de contar gratuitamente com dois helicópteros, modelo Bell 412, capazes de transportar seis vítimas em macas ou 13 passageiros em voos por instrumentos inclusive à noite. Equipamentos que fariam toda a diferença no socorro a vítimas em tragédias climáticas, como a do Morro do Baú. As duas aeronaves da corporação, um Coala, em Florianópolis, e um Esquilo, em Joinville, levam, respectivamente, duas e uma maca.
– Vamos aos fatos. Em 2012, a Polícia Federal em Brasília comprou dois helicópteros novos. Ela operava com o Bell 412, o mesmo modelo utilizado pelas principais polícias do mundo, como a de Nova York (foto acima). A PF resolveu doar os dois aparelhos para algum Estado da federação interessado. Sem nenhum custo para a transferência do patrimônio, orçado em R$ 30 milhões. A Secretaria de Segurança Pública de SC foi informada sobre a oportunidade única. Entrou no jogo e levou.
– Ficou acertada a cessão de uso sem custos dos dois helicópteros para a PM catarinense por cinco anos. Ao fim do período, seriam doados em definitivo para o Estado. Foi assinado um termo de cooperação entre a PF e a SSP-SC, publicado no Diário Oficial da União no final de 2012 (cópia ao lado ). O secretário de Segurança Publica, Cesar Grubba, e o comandante-geral da PM chancelaram o documento.
– Caberiam à PM apenas os custos de pintura (personalização) e compra de macas, farol para busca noturna e cesto de água para combater incêndios, além da manutenção e combustível. A contrapartida seria compartilhar os helicópteros para eventuais missões da PF em SC. Tudo certo. Em 2013, os meses foram passando e nada de a PM finalizar a incorporação. Até que foi marcado para outubro um pregão presencial para compra dos equipamentos.
– Foi quando uma semana antes da licitação de número 131, a comissão formada por alguns oficiais do Estado Maior da PM se reuniu e mudou de ideia. Decidiu não aceitar mais a doação da Polícia Federal, alegando que os custos de manutenção seriam elevados. O edital, então, foi sumariamente cancelado. Com base nas informações dessa comissão, Grubba encaminhou ofício à direção da PF informando que o Estado não teria mais interesse nas aeronaves. O argumento foi avalizado pelo coronel Nazareno.
– Em ata, a comissão alegou que o custo de manutenção das duas aeronaves chegaria a R$ 6 milhões por ano. Este Visor ouviu três especialistas em aviação, que dizem que o custeio dos dois Bell 412 fica em torno de R$ 4,4 milhões. O Esquilo da PM custa R$ 1,8 milhão ao ano. A diferença é de R$ 400 mil. Além disso, PF disponibilizaria R$ 1,5 milhão em peças sobressalentes
– O comando da PM entendeu que as aeronaves são velhas (ano 1982). Para se ter uma ideia, a Força Aérea Brasileira (FAB) ainda utiliza os aparelhos Bell 205,conhecidos como sapão, aqueles da guerra do Vietnã, fabricados nos anos 60. O Bell 412 é um helicóptero bimotor, ou seja, com muito mais autonomia e tecnologia durante os voos.
– A direção da PF ainda não oficializou a suspensão da transferência. O senador Luiz Henrique da Silveira entrou em campo para tentar reverter o caso. Classificou como inaceitável a devolução. Por e-mail, a assessoria de comunicação do governador Raimundo Colombo informou que a decisão teve como base o laudo técnico. “Os helicópteros são grandes, ameaçam destelhar casas e não têm lugar para pousar. Logo, trata-se de um péssimo negócio.”
– Tal opinião não é compartilhada pelas polícias do Distrito Federal, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Ao saberem da desistência de SC, formalizaram pedido para receber os Bell 412. Quem sabe até a próxima tragédia climática, a PM reveja sua posição…

 

COLUNISTA CACAU MENEZES – Diário Catarinense

Barulhentos

Os argentinos mais baladeiros estão botando terror na noite de Canasvieiras. Segundo o Serviço Secreto do Cacau apurou, nem a polícia consegue contê-los.

 

ASSUNTO: Tráfico de drogas

VEÍCULO: Diário Catarinense

Alianças ocultas na disputa pelo morro

Duas facções ameaçam uma guerra pelo comando do tráfico no Mocotó, em Florianópolis

Uma guerra anunciada, com alianças ocultas, está prestes a explodir no berço do tráfico de drogas da Grande Florianópolis. O motivo: reconquistar o poder na rua e nas cadeias. A arma é o dinheiro. E o meio, o comércio de crack, cocaína e maconha. A estratégia: retomar o Morro do Mocotó, cracolândia da Capital de Santa Catarina, no Maciço do Morro da Cruz, a 200 metros do Tribunal de Justiça e da Assembleia Legislativa. O tráfico ali é comandado pela maior facção criminosa do Estado, o Primeiro Grupo Catarinense (PGC), autora das três ondas de atentados, entre 2012 e 2013.
Principais vítimas dessa disputa são os moradores do Mocotó, reféns do terrorismo e da arrogância dos traficantes, que recebem policiais civis e militares a tiros. Famílias expulsas de casa e humilhadas em revistas. Moradores com medo de, a qualquer momento, ver a guerra estourar ou de ser atingido por um bala perdida durante confrontos entre traficantes e policiais.
A ordem para o ataque ao morro com vista para o mar da Baía Sul e a Ponte Hercílio Luz partiu da Penitenciária de Florianópolis, no Complexo da Agronômica. Encarcerado na ala sul, o antigo “patrão” do Mocotó, Denilson Alexandre da Silva, o Nego, deu a missão para seus homens de confiança.
Fundador da Serpente Negra, facção criminosa arqui-inimiga do PGC, Denilson mandou derramar sangue. O recado causou paranoia no atual comando do morro, que montou um grande esquema de segurança. Soldados do tráfico – a maioria adolescentes – armados com fuzis, metralhadoras e pistolas vigiam entradas do Mocotó. Os principais chefes andam com escolta. Cabanas de madeira improvisadas são usadas como pontos de visualização. Caixas de entulho e latas servem de barricada para impedir, à noite, o acesso de carros na rua que leva ao principal ponto de tráfico, a Boca da Lixeira.
O homem que queimou um adolescente vivo dentro de uma caixa d’água, em 2006, causa medo na bandidagem. Denilson foi condenado a 46 anos e oito meses pelo Crime do Microondas, um dos capítulos mais impressionantes da crônica policial catarinense. Sua sombra permanece aterrorizando os inimigos que temem o dia da grande vingança.

União dos excluídos

O grupo de Denilson está preparado para a guerra. Como aliado, ele tem a Amigos dos Amigos (A.D.A.), uma das três principais facções criminosas do Rio de Janeiro, com célula já identificada em SC, liderada por Davi Schroeder, o Gângster, fundador do PGC e jurado de morte pela organização.
No comando do Morro do Mocotó durante pelo menos 10 anos, Denilson recusou convite para integrar o PGC, como consequência perdeu dinheiro e território. A independência lhe custou um preço alto: o PGC tomou casas, expulsou a mulher e os filhos de Denilson do morro. E o jurou de morte depois da notícia, em 2010, do suposto envolvimento dele e da mulher em crimes sexuais contra crianças e adolescentes da comunidade.

Associações paralelas

Por causa de suspeita de crime sexual contra crianças e adolescentes, a mulher de Denilson quase foi morta ao chegar no Presídio Feminino de Florianópolis, onde continua presa. Os crimes foram investigados pela Polícia Federal. Uma das hipóteses é que as supostas provas foram plantadas pelo PGC como justificativa para matar o antigo “patrão” do Mocotó. A polícia nega. Enfraquecido, Denilson se juntou a outros chefes excluídos e fundou a Serpente Negra com o juramento de tomar tudo o que era dele de volta.
A aliança que financia a Serpente Negra clandestinamente é formada por dois traficantes de Florianópolis, encarcerados em penitenciárias federais. Esta é uma das linhas de investigação das secretarias do Estado de Segurança Pública e Justiça e Cidadania. Sérgio de Souza, o Neném da Costeira, e Rodrigo de Oliveira, o Rodrigo da Pedra, patrões nos morros da Costeira e do Horácio, respectivamente, são do PGC e parceiros de Denilson.
Tríade parece trabalhar em sintonia desde 2000
Os três eram soldados do maior traficante de Florianópolis, o Baga, e teriam mandado matar o ex-chefe em 2000 – foi executado com 11 tiros. Depois de uma guerra que causou a morte de mais de 50 pessoas, os três dividiram o comando do tráfico na região. Sempre trabalharam em sintonia. Em fevereiro de 2013, Neném ajudou Rodrigo da Pedra e mandou o gerente, Tiago Cordeiro, o Calcinha, tomar conta do tráfico no Horácio, sem comando depois das prisões de quatro parentes de Olveira.
Publicamente, Neném e Rodrigo da Pedra são lideranças do PGC. Se filiaram mais por necessidade do que afinidade, para garantir poder, segurança e conforto quando cumpriram pena no quartel-general da facção, a Penitenciária de São Pedro de Alcântara.
Quem não entra para o PGC na cadeia é obrigado a lavar “boi” (vaso sanitário da cela), não tem permissão para trabalhar e obedece ordens de outros criminosos, às vezes menos experientes. Os que aceitam, pagam 10% do faturamento das bocas de fumo que mantém para a facção.

O racha

Em 2010, Denilson acabou traído por traficantes aliados que aproveitaram o caso da suposta pedofilia para dar corpo ao racha. Existe a suspeita de que um deles, o ex-gerente de Denilson, José Castilho Martins Junior, o Castilho, tenha recentemente feito as pazes com o antigo chefe. Se for verdade, pode ser uma manobra na complexa teia de alianças costurada pelo tráfico de drogas, para enganar o PGC e tirar do poder o atual chefe do morro, Gustavo Santos da Silva, o Guga, mais odiado do que temido pelos moradores por causa do facão que chamava de espada, ameaçando cortar a cabeça de quem o denunciasse.

Os traidores

Em 2006 a mulher de Denilson tomou a frente dos negócios. Com a prisão dela, em 2010, quem assumiu o comando foi o antigo gerente, Castilho, e outros traficantes da quadrilha: Anderson Luis da Costa, o Calegari, Robson Soares Aranha, o Aranha, Edivaldo Pereira, o Tatá, Cleber de Souza, o Mão Branca, e os irmãos de Gustavo. Os homens de Denilson descobriram que não precisavam do chefe. Roubaram o arsenal de armas e carregamentos de drogas. Só não levaram o dinheiro, que estaria enterrado no morro.
Castilho virou o patrão do Mocotó. Ficou com a boca mais rentável, a da Lixeira, a 50 metros do asfalto. Gustavo e os irmãos ficaram com a boca no alto do morro.
Operações do Pelotão de Patrulhamento Tático do 4o BPM ao longo de 2011, resultaram na prisão de Castilho, de Mão Branca, entre outros integrantes da quadrilha. Foi após a chegada à cadeia, que Castilho aderiu ao PGC. O tráfico no Mocotó deixou de ser comandado por famílias e passou a ser dominado por facção. Mesmo preso pela PM, Gustavo continua comandando o tráfico na parte de cima do Mocotó, segundo apuração policial.

Cabeça do Santo

Em novembro de 2013, Castilho e Mão Branca ganharam liberdade e voltaram para o morro. Antigo matador de Denilson quando adolescente, Mão Branca começou a “tocar o terror” nos traficantes de Gustavo. Alguns investigadores experientes contam que foi o início da retomada do Mocotó.
Era madrugada do dia 30, na Cabeça do Santo, principal ponto do morro. Mão Branca estava posicionando adolescentes para o trabalho quando foi surpreendido pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Levou um tiro de fuzil calibre 556 no lado direito do peito. Foi encontrado pelo rastro de sangue. Moradores o levaram para o Caridade. Caso contrário, não teria sobrevivido.
Com a repressão ao tráfico e a tensão no Mocotó, Gustavo mandou o pessoal do crime levantar o caixa da quadrilha com assaltos. Um deles foi a tentativa à Transol, dia 2 de dezembro passado. A ação foi frustrada pelo PPT do 4oBPM, que evitou um prejuízo de R$ 300 mil para a empresa de ônibus.
As incursões das polícias Militar e Civil continuaram. Dois criminosos, Bu e Bilu, foram baleados na primeira semana de janeiro pela PM. Bilu é responsável pela boca do irmão Gustavo, no topo do Mocotó. Feridos, os dois não procuraram hospital com medo de serem presos. Teriam pago e sido medicados na própria comunidade.

“Com a volta do problema, novas ações da PM estão sendo articuladas”

Entrevista: Carlos Alberto de Araújo Gomes Júnior, Comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar

Alternativas de lazer, trabalho e renda, ocupação policial, políticas de saúde pública, programas que apoiem famílias com jovens envolvidos no crime são algumas soluções observadas pelo comandante do 4o Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Carlos Alberto de Araújo Gomes Junior, para que a comunidade do Mocotó tenha garantido seu direito à paz.

Diário Catarinense – Como os moradores são tratados pelos traficantes?
Araújo Gomes – Temos informações de que os criminosos agem de forma violenta e intimidadora. Ameaçam, constragem e exigem proteção e sigilo sob a ameaça de morte ou expulsão do morro. Por isso o trabalho policial é tão difícil: as pessoas têm medo de ajudar, inclusive porque sabem que em caso de sucesso e prisão, os criminosos são liberados rapidamente e podem buscar vingança.

DC – Quais as soluções para essa guerra?
Gomes – É preciso um trabalho amplo e integrado, iniciando por uma ação de investigação e processo capaz de encarcerar as lideranças e descapitalizar as quadrilhas. Em seguida, a ocupação policial da comunidade, para evitar que novas lideranças se instalem, e promover uma nova relação entre a comunidade e o espaço público.

DC – Garantir a paz num território conturbado pelo tráfico de drogas é um problema que está longe de ser apenas responsabilidade da PM. Quais são os outros atores que, na opinião do senhor, deveriam trabalhar essa questão? E como?
Gomes – Temos vários pontos neste nó: o tráfico de drogas ilegais é um combustível poderoso, por isso as políticas de saúde pública para redução da demanda são fundamentais. Além disso, a droga é importada, utilizando cadeias de fornecimento e complexidade de logística que extrapolam o alcance da Polícia Militar. Assim a proteção das fronteiras, portos e aeroportos pela Polícia Federal também é fundamental. Em comunidades como o Mocotó, uma ação de ocupação social, com infraestrutura, serviços, oferta de lazer pode influenciar positivamente, tornando assim todos os braços da prefeitura potencialmente necessários. Trata-se de uma intervenção que passa pela repressão policial, mas a supera se desejarmos resultados sustentáveis.

DC – A geografia do Mocotó prejudica o trabalho da PM, dizem moradores. Quais são as melhorias físicas que podem ser feitas no local? E quais são as melhorias sociais para que o tráfico não seja mais um meio atrativo para jovens?
Gomes – Fisicamente, a melhoria dos acessos, com abertura de passagem para veículos, da iluminação e das condições sanitárias auxiliam a polícia a estar mais presente. Ajudam também a criar uma espiral de prosperidade, gerando oportunidades e alternativas em detrimento dos ganhos ilegais do tráfico. Programas que apoiem as famílias com jovens envolvidos com as dinâmicas criminosas deram bons resultados em outros países.

DC – A Polícia Militar fez uma série de operações bem-sucedidas ao longo de 2011. Qual é a estratégia da PM agora? Instalar uma UPP seria uma boa ideia?
Gomes – Realmente a Polícia Militar fez operações e ações bem-sucedidas que incluíram apreensões significativas, prisões importantes e ocupações prolongadas. Houve um período longo de razoável tranquilidade e com a volta do problema estas ações estão sendo articuladas novamente. A UPP é um programa muito específico para um cenário bem mais grave, mas seus princípios podem sim ser aplicados na comunidade do Mocotó.

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