Clipping do dia 14 de novembro

 

Clipping do dia 13 de novembro

 

 

MÍDIAS DE SANTA CATARINA

 

 

Veículo: Diário Catarinense

Editoria: Visor

Assunto: Segurança pública

                 Penitenciária São Pedro

 

Mocinhos e bandidos

 Quando o assunto é segurança pública, ainda mais em meio a uma crise como a se vive na Grande Florianópolis, a postura mais simplista é a do olho por olho. A racionalidade perde espaço em meio à luta do bem contra o mal. Mas a complexidade do assunto não permite uma visão tão reducionista. É preciso que o Estado seja forte, sim.

É preciso que a polícia seja rígida também. Só que tudo dentro da lei, num Estado democrático de direito. Caso contrário, a barbárie vencerá. E é exatamente este o objetivo dos marginais ditos pertencentes a uma organização criminosa: criar uma sensação de pânico na população, de tal forma que pareçam ter uma força muito superior à que realmente têm.

 

FALTOU SENSIBILIDADE

Internamente, o governo já admite que foi um erro manter Carlos Alves à frente da direção de São Pedro de Alcântara. Não por conta de sua inquestionável capacidade profissional, mas pela pressão emocional de quem perdeu a mulher recentemente, vítima da guerra entre Estado e facção criminosa. Acesse www.diario.com.br/visor e confira mais.

 

É FANTÁSTICO!

O secretário de Segurança Cesar Grubba reiterou ontem, durante a entrevista coletiva, que esta crise motivada por uma facção criminosa é coisa do Fantástico, referindo-se ao programa dominical. Sobrou para a imprensa!

 

DATA VENIA

Uma comissão da OAB foi até a penitenciária, ontem pela manhã, na tentativa de acompanhar de perto a situação. Saíram de lá do mesmo jeito que entraram, porque nem os doutores conseguiram se entender.

 

OS MANO

É de conhecimento de todas as forças de segurança pública que pelo menos 20 homens do PCC, de São Paulo, estão empenhados em tocar o terror na Grande Florianópolis. Até uma lista com nomes de delegados, policiais e diretores do Deap que devem ser assassinados foi interceptada dentro de São Pedro de Alcântara.

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Veículo: Diário Catarinense

Editoria: Geral

Assunto: Gerais

 

Três mortos em acidente na BR-376

Três pessoas morreram em um acidente, no fim da tarde de ontem, no km 668 da BR-376, em Guaratuba (PR), próximo próximo à Curva da Santa.

Um caminhão-guincho que carregava outro caminhão teria batido em dois carros, mas sem deixar feridos. Em seguida, continuou descendo a serra em alta velocidade, e teria passado pela pista de escape. Segundo testemunhas, haveria uma máquina na pista que teria impedido o caminhão de acessar o recurso de segurança da via, e teria batido em um corsa de Ivaiporã (PR), em que estava Juli Maria e o marido, José Carlos Gomes, 57 anos. Ele morreu na hora. Ela, no hospital.

Após se chocar com o corsa, o caminhão-guincho bateu na traseira de um caminhão e ainda teria colidido na lateral de um caminhão container e, só depois, saiu da pista e bateu em um barranco.No caminhão-guincho estavam dois homens, um deles morreu, ainda não está confirmado se era o carona ou o motorista. O sobrevivente ficou ferido gravemente.

 

Trabalhador morre ao cair do 16o andar

A queda do 16o andar de um prédio em construção levou à morte do mestre de obras José Estevão da Silva, 63 anos, na tarde de ontem. O acidente ocorreu em uma obra na Avenida Brasil, em Balneário Camboriú. Segundo o sindicato da categoria (Sinticom), José verificava o reboco da construção sobre uma laje e caiu. A construtora Essege foi procurada, mas não se manifestou sobre a morte do trabalhador até o fechamento desta edição.

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Veículo: Diário Catarinense

Editoria: Cacau Menezes

Assunto: Roubos na Pacha

                 Atentados a policiais

                 Polícia Militar Rodoviária

 

Constrangimento

Pior de tudo na Pacha sábado, onde foi batido o recorde de roubos de bolsas e celulares na noite da Ilha, foram os seguranças colocando frente a frente, numa sala, as vítimas com o suspeito de furto que elas identificaram.

 

Violência

Sejam lá quem forem os responsáveis pela queima de ônibus e atentados aos postos policiais, sua punição deve ser exemplar, rigorosa e incomplacente. É esta a tarefa das autoridades. Que cumpram com ela com a máxima urgência e energia.

 

Radares

Não são radares fixos, como Cacau noticiou ontem, que piscam sem parar no posto da Polícia Militar Rodoviária na SC-401(antigo pedágio). Os equipamentos instalados no posto, em testes para verificação de sua eficiência, são contadores de tráfego, com sistema OCR, que faz a leitura das placas dos veículos e passa a informação imediata se o veículo está regular ou irregular, se possui alguma restrição jurídica ou registro de furto/roubo.

 

Os radares que estão multando todo mundo na duplicada rodovia são os móveis, em tripés, agora usados também à noite. Esses podem estar onde você nem imagina.

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Veículo: Diário Catarinense

Editoria: Geral

Assunto: Riscos de desastres

 

Poucas cidades se previnem

Apenas 5,8% dos municípios de SC tem plano de redução de riscos, segundo pesquisa do IBGE

Santa Catarina é um dos estados mais afetados por enchentes, deslizamentos, secas e até furacão. Mesmo assim, o número de municípios que conta com algum plano municipal de redução de riscos é inferior ao índice nacional.

É o que aponta a Pesquisa de Informações Básicas Municipais: Perfil dos Municípios (Munic) de 2011, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado ontem. No ano passado, apenas 5,8% das cidades de SC (17) possuíam estudo para a gestão de desastres naturais. Se poucas cidades contam com o plano, uma proporção maior de municípios (39,6%) afirmou ter algum tipo de programa ou ação de gerenciamento de riscos de deslizamento e recuperação ambiental de caráter preventivo.

De acordo com o coordenador do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (Ceped), Antônio Edésio Jungles, um plano municipal de risco prevê as respostas táticas para enfrentar os desastres, medidas preventivas e mapeamento de áreas de risco. No caso da Capital, o próprio Ceped, ligado à UFSC, foi a entidade que elaborou o estudo.

– A cultura da gestão de risco é nova e se intensificou nos últimos cinco anos com as discussões sobre as mudanças climáticas e o crescimento de desastres acontecendo no país – observa Jungles.

Para ele, o ideal é que todo o município tenha seu plano municipal de redução de riscos e antecipa que até o próximo ano, o número de cidades com seus projetos de gestão de vulnerabilidade deve chegar a 27.

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Veículo: Diário Catarinense

Editoria: Reportagem Especial

Assunto: Segurança

 

Por que a cadeia AFRONTA a segurança

Os últimos 19 dias têm sido de tensão entre criminosos e as forças de segurança pública. Desde a morte de uma agente prisional, ocorre um jogo de forças, com ordens de ataques saídas das prisões catarinenses.

Uma evidente queda de braço entre presos e autoridades do sistema prisional pela troca do comando da Penitenciária de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, migrações para o Estado de criminosos ligados à maior facção de São Paulo – o Primeiro Comando da Capital (PCC) – e a dificuldade de controlar a comunicação das lideranças nas cadeias com o mundo externo ou de transferi-los estão por trás da onda de atentados contra a segurança pública em Santa Catarina.

Desde a tarde de segunda-feira até ontem, foram 14 ataques, sendo dez noturnos e dois de dia. A onda de crimes, cujos acontecimentos tinham sido previstos por setores de inteligência e mesmo assim não foram evitados, afrontou policiais, agentes penitenciários e população, que viu ônibus serem incendiados.

Ontem à noite, novos atentados foram registrados no Estado. No Balneário dos Ingleses, na Capital, um ônibus foi queimado e uma base da Polícia Militar atacada. Em Criciúma, dois rapazes que trafegavam em uma moto deram dois tiros em frente ao Presídio Santa Augusta, mas ninguém ficou ferido. Em Navegantes, um ônibus foi incendiado.

 

Diretor seria o foco

Longe das entrevistas ou declarações fora de grupos fechados dos setores policiais, o desafio da cúpula da segurança e do sistema prisional está centrado em uma ofensiva principal: vencer o poder paralelo instituído dentro e fora das prisões por assaltantes, sequestradores e traficantes ligados ao Primeiro Grupo Catarinense (PGC).

Nesse contexto, o DC apurou que estão incluídas a investigação da execução, há 19 dias, da agente penitenciária Deise Alves, 30 anos, mulher do diretor da Penitenciária de São Pedro de Alcântara, Carlos Alves.

A polícia investiga quem seria o mandante do crime, que estaria na penitenciária. Além disso, há uma suposta relação de bandidos locais com criminosos de São Paulo.

As autoridades continuam discutindo internamente sobre uma eventual saída de Carlos Alves da direção. Mas um grupo acredita que essa medida fortaleceria os presos no momento considerado crítico de contenção aos atos da facção.

 

Faca de dois gumes

Um possível afastamento de Alves também poderia ser um retrocesso ao feito conquistado por ele como diretor em São Pedro de Alcântara, que foi o fim das regalias aos detentos.

Por outro lado, uma fonte da Polícia Civil que investiga homicídios relata que os atos são decorrentes de um desafio do PCC feito ao PGC: ou a facção catarinense enfrenta as forças de segurança ou os paulistas tomam conta.

 

Cúpula não vincula atentados

Ontem, 20 horas depois do primeiro atentado, às 16h de segunda-feira, a cúpula da Secretaria de Segurança Pública não apresentou um plano para impedir mais atos criminosos. Também não vê correlação entre a morte de uma agente prisional, as denúncias de maus-tratos dentro do Presídio de São Pedro de Alcântara e os atentados em Florianópolis, Palhoça e Blumenau. Porém, foi anunciado que policiais de folga serão chamados para trabalhar.

A participação de uma suposta facção criminosa que teria ordenado os ataques continua interpretado como algo fantasioso. Para as autoridades, os bandidos estariam se inspirando na mídia, que apresenta ações ousadas em outros estados, como São Paulo.

Na entrevista, com a participação da secretária Ada de Luca (Justiça e Cidadania), o secretário de Segurança, Cesar Grubba, afirmou que todas as informações sobre possíveis ameaças a qualquer entidade ou instituição são levadas a sério e apuradas.

– Reconhecemos que pode haver ações típicas do crime organizado com origem dentro do sistema prisional. Não falamos em sigla de facção criminosa, pois não queremos espetacularizar o crime – disse.

O delegado-geral,Aldo Pinheiro D’Ávila, disse não descartar nenhuma possibilidade. Falou que estão sendo trabalhadas várias linhas de investigação.

 

Equipe reforçada e ônibus escoltado

 

Diário Catarinense – Qual a resposta do Estado aos criminosos?

Cesar Grubba – Foi montada uma equipe de investigação (Deic) para cuidar dessas ações, teremos escolta nos ônibus nas linhas com maior vulnerabilidade e mais policiais nas ruas e de prontidão. Esperamos que não voltem a ocorrer, mas se se repetirem a resposta do Estado será mais rápida para termos flagrantes. Novos policiais estão sendo escalados.

 

DC – Esses ataques seriam coordenados?

Grubba – A linha de investigação está sendo montada. Temos que saber qual a motivação disso, pois ocorreram em Florianópolis, Palhoça e Blumenau. Nesse momento é prematuro conexão entre casos como o assassinato da agente prisional Deise Alves, casada com o diretor de São Pedro de Alcântara.

 

DC – Qual seria a motivação dos crimes?

Grubba – Entendemos como uma onda, efeito de processo midiático: eles estão vendo ônibus incendiados em São Paulo, como mostram os programas de televisão, e resolveram fazer aqui. É muito comum imitar e copiar essas ações criminosas.

 

DC – O Estado pediu ajuda do Exército?

Grubba – A Secretaria de Segurança pediu apoio de outros órgãos, como Polícia Federal e Exército.

 

DC – Existem denúncias sobre a chegada de armas em morros da Capital?

Grubba – As inteligências não possuem informação sobre chegada de armas.

 

DC – Está ocorrendo uma greves de fomes nos presídios de Santa Catarina?

Leandro Lima (diretor do Deap) – Não existe greve nas unidades prisionais.

 

DC – Não seria aconselhável transferir lideranças criminosas para outros presídios e tirá-los de São Pedro de Alcântara?

Lima – Por enquanto não temos planos para transferir ninguém.

 

DC – Nesse momento o que é mais danoso para o Deap: reconhecer que o diretor Carlos Alves possa estar vulnerável por causado assassinato da esposa e mesmo assim mantê-lo no cargo ou substituí-lo?

Ada de Luca – Estamos tomando atitudes corretas junto à Corregedoria do Deap.

 

DC – O que a senhora achou dos vídeos com a ação de agentes prisionais em São Pedro de Alcântara?

Ada – Eu sou contra qualquer tipo de tortura.

 

DC – A senhora viu as imagens?

Ada – Sim, mas a mim não esclareceram nada. Inclusive tem uma em que os presos vibram por terem feito as filmagens.

 

DC – O que esperar do trabalho da Corregedoria?

Ada – Está sendo feita nesta tarde (ontem) e vamos aguardar.

 

Crime amplia alvos por Santa Catarina

Ônibus incendiados, tiros a bases da PM e veículos queimados estão entre os atentados que se espalharam pelo Estado, ontem. A reportagem do DC acompanhou a madrugada na Grande Florianópolis e mostra o clima em alguns locais

Após os atentados (veja ao lado), a equipe de DC saiu pelas ruas de madrugada e passou por alguns locais acompanhando o clima.

A reportagem chega às 2h25min, de terça-feira, na Base da Polícia Militar, no Centro de Palhoça. Na via deserta, uma viatura está posicionada na frente do prédio. Quando o carro do DC se aproxima devagar, dois PMs saem com armas em punho. Mantinham as luzes apagadas dentro para não serem percebidos no local pelo pessoal de fora.

Às 2h50min, de terça-feira, na Base da PM na Barra do Aririú, em Palhoça, cinco PMs apontaram armas para o carro da reportagem. Em seguida, encontraram 16 cápsulas de pistola numa rua a 20 metros de onde os criminosos atiraram, em atentado à 1h. Um cabo da PM de 48 anos, sendo 27 na polícia, vigiava sozinho o local no momento do ataque.

– Foi uma saraivada de tiros. Me escondi na cozinha atrás da parede – contou.

Não havia rondas nem caçadas pela região, apenas os PMs em volta da base com queixas da falta de condições para enfrentar bandidos.

Às 3h40min, na 16a BPM, em Palhoça, havia cones na rua em frente ao batalhão. Dentro, viaturas paradas e nem sinal de policiais.

No Terminal de Integração do Centro (Ticen), em Florianópolis, ontem de madrugada, um grupo de 10 pessoas dizia que aguardava há mais de duas horas pelo madrugadão, que não havia passado. Estavam revoltados com a falta de informação. De longe, uma viatura com policiais do Bope fazia escolta de ônibus que saíam do local.

Perto dali, a Delegacia de Proteção ao Turista, no Terminal Rita Maria, estava fechada. Ao lado, quatro viaturas estacionadas sem policiais por perto, sendo três da Polícia Militar e uma da Civil.

 

Megainspeção NO CÁRCERE

Grupo apura se houve maus-tratos a detentos de São Pedro de Alcântara

Para apurar denúncias de maus-tratos, uma força-tarefa organizada pela Justiça inspecionou ontem a Penitenciária de São Pedro de Alcântara, onde um vídeo amador revelou a ação de agentes penitenciários dentro das celas. O vídeo, produzido pelos detentos, que conseguem levar celular para as celas, teria identificado nas imagens o diretor da cadeia, Carlos Alves, marido da agente executada pelas costas dia 26 de outubro quando chegava em casa.

A inspeção que se iniciou ontem, e continua hoje, durou seis horas, com a presença do juiz corregedor da Vara de Execuções Penais de São José, Humberto Goulart da Silveira, de representantes do Ministério Público, Corregedoria do Tribunal de Justiça, OAB, Instituto Geral de Perícias e Polícia Civil.

Com uma lista de 40 nomes de supostas vítimas de agressões, a força-tarefa vistoriou os quatro pavilhões da unidade, onde estão 1,2 mil condenados. As autoridades entraram nas celas e conversaram com os detentos. Os que apresentavam lesões eram encaminhados à Supervisão, onde três delegados e três escrivãos tomavam depoimentos para o inquérito aberto de modo a investigar as denúncias. Um boletim de ocorrência foi aberto para que as guias de exames de lesão corporal fossem expedidas. Na sequência, os detentos eram levados ao Hospital Santa Tereza, a um quilômetro da penitenciária, onde um médico-legista realizava exames. Foram ouvidos e examinados 23 detentos.

Em frente à penitenciária, familiares de presos fizeram ontem nova manifestação.

– Em oito anos, nunca vi uma inspeção tão completa quanto esta, em que se pode coletar provas claras de tortura, prática que acontece ali há anos – disse o presidente da Comissão de Assuntos Prisionais da OAB, o advogado João Moacir Andrade.

 

A opinião de especialistas

Especialistas em segurança acreditam que em Santa Catarina houve ataques coordenados contra o sistema de segurança pública. Segundo eles, o Estado demorou a agir. A troca de informações entre os departamentos de inteligência e o trabalho conjunto entre as polícias são cruciais para resolver a situação, apontam.

JULIANO KELLER DO VALLE, presidente da Comissão de Segurança e Criminalidade da OAB/SC

A intenção dos atentados, que foi alcançada, foi abalar o aparato da segurança pública. Valle considera que houve lentidão na resposta do Estado, que deveria ser rápida e com uso de inteligência para identificar líderes e desbaratar facções. O advogado avalia que a tensão cresce desde o assassinato de Deise Alves, mulher do diretor da Penitenciária de São Pedro de Alcântara, e que o problema não foi resolvido. Afirma que a situação é resultado da falta de prioridade para o setor e ressalta que o número de policiais contratados nem sequer repõe os aposentados.

 

SANDRO SELL, professor de Criminologia da Univali

Declara que se tratam de atentados ordenados de dentro de unidades prisionais, apesar de a Secretaria de Segurança não admitir. Sell acredita que os atentados estão gerando insegurança não só na população, mas aos próprios policiais. O fato de ocorrer em várias cidades, segundo ele, mostra capacidade de articulação. E lamenta que os departamentos de inteligência das polícias e departamento prisional não estão trocando informações como deviam.

 

IGNACIO CANO, professor do Laboratório de Análise de Violência da UERJ

O poder destes grupos não pode ser superdimensionado. Ele justifica que agir com o elemento surpresa a favor e atacar alvos fixos não exige tanto preparo ou poder de fogo. O professor defende a transferência dos líderes para penitenciárias federais e sugere que as forças de segurança respeitem os direitos dos detentos pois “abusar da violência ou cometer assassinatos leva a um círculo de vingança entre criminosos e policiais”. Cano, por fim, aconselha que o Estado jamais deve negociar com o crime organizado.

 

EUGÊNIO MORETZSOHN, especialista em segurança pública

Sugere o rastreamento de celulares e o mapeamento dos relacionamentos das organizações criminosas. Moretzsohn ressalta que os motivos para as rebeliões precisam ser esclarecidos mas concorda que o Estado não deve ceder a pressões para não demonstrar fraqueza. Diz ainda que facções no eixo Rio-São Paulo se espalharam por outros Estados e Santa Catarina não é exceção.

 

Nova noite de ATAQUES

Pelo menos mais cinco atentados foram registrados no Estado ontem ao anoitecer

Mais cinco atentados ocorridos na noite de ontem fizeram subir para 13 o número de ataques ocorridos desde segunda-feira em Santa Catarina. Além de novos crimes contra unidades da segurança pública, criminosos voltaram a incendiar ônibus, provocando medo entre a população de bairros como o dos Ingleses, no Norte da Ilha de Santa Catarina, em Florianópolis.

Os alvos foram a 2ª Delegacia de Polícia do Bairro Saco dos Limões, também na Capital, em que bandidos haviam queimado uma viatura, o Presídio Santa Augusta, em Criciúma, além de ônibus incendiados nos Ingleses e dois parcialmente queimados em Navegantes, no Litoral Norte.

A nova onda de violência começou por volta das 21h40min. Em Florianópolis, foram dois casos quase simultâneos nos Ingleses, onde um ônibus foi incendiado na comunidade Sítio de Baixo e uma base da PM foi alvejada por tiros.

A PM isolou a região em que o ônibus foi queimado nos Ingleses num raio de um quilômetro do local do veículo. Moradores saíram às ruas para acompanhar a movimentação e relataram que houve corte de energia em parte do bairro.

Uma hora depois, às 22h40min, criminosos voltaram a atacar a 2ª DP no Saco dos Limões, na Capital. Os atiradores estariam num Fiesta da cor preta e efetuaram quatro tiros contra a delegacia. Havia seis policiais no local, mas ninguém se feriu. Em Navegantes, um dos ônibus foi incendiado na Rua Orlando Ferreira. Ninguém ficou ferido. O outro teve as chamas contidas.

A continuidade dos crimes ocorreu mesmo com o reforço de policiamento anunciado à tarde pela cúpula da Segurança Pública. O Norte da Ilha é uma das regiões em que há aumento na quantidade de viaturas e policiais pelas ruas. Fontes de setores da inteligência das polícias afirmaram ao DC que a onda de atentados pode se entender até hoje, o que oficialmente as autoridades não confirmam. O estado segue sendo de alerta máximo nas unidades policiais.

 

Clima de medo e tensão na Capital

Passava pouco da meia-noite quando Julio Cezar Pires, 60 anos, despertou com o estranho barulho vindo da rua. Da janela, Terezinha Moreira, 50 anos, avistou muita fumaça no céu. E Marli de Almeida, 46 anos, correu com o marido até a sacada da casa onde mora, com vista para a SC-401. Dali, seus olhos não acreditavam no que se passava bem do outro lado do asfalto: em chamas, um ônibus da empresa Canasvieiras virava cinza.

Eram os primeiros minutos de um caso ainda desconexo, mas que viria a preocupar a alta cúpula da segurança pública e despertar uma sensação de medo nos moradores e usuários do transporte público. Pela Servidão Manoel Monteiro, que fica bem em frente ao local onde ocorria o atentado, dezenas de curiosos passavam correndo. Queriam entender o que acontecia. E mesmo com o corre-corre da madrugada, a notícia só se espalhou quando o dia amanheceu.

– Foi questão de segundos. Em um minuto, fechei a janela do quarto e, no minuto seguinte, meu marido abriu a porta da sacada e o ônibus já estava queimando. Era difícil saber o que estava acontecendo, se era vandalismo, se era ataque, se era acidente. Na dúvida, nem saímos de dentro de casa – conta Marli de Almeida.

Morando sozinha em Canasvieiras, Terezinha Moreira não esconde o medo. Desde ontem, não sai mais de casa depois que anoitece:

– A partir de agora, só saio no escuro se for em último caso.

 

“Foi um momento de desespero e medo”

Quando chegou ao final da linha Santa Fé, às 22h30min de segunda-feira, a motorista do ônibus 511 da Rodovel abriu as portas traseiras para os últimos 20 passageiros desembarcarem no Morro da Saxônia, no Bairro Ponta Aguda, em Blumenau.

Ela trocava o letreiro do ônibus para voltar ao Terminal da Fonte quando foi surpreendida por dois homens armados e usando capacete.

Menos de cinco minutos depois, viu o ônibus que dirigia há pouco mais de um mês ser incendiado pelos criminosos. Em entrevista à Agência RBS, a jovem de 23 anos, que veio do Oeste do Estado há cinco, contou os momentos de medo que ela e o cobrador viveram. O nome dela não está sendo divulgado por segurança.

 

OS PASSAGEIROS

Quando estava trocando a placa, vi os passageiros correndo muito morro abaixo e não entendi o porquê. Comentei com o cobrador: “olha, o que será que está acontecendo? Eles nunca fizeram isso”. Foi neste momento que aconteceu tudo.

 

O ATAQUE

Apareceram os dois homens, não sei dizer de onde vieram. As portas traseiras permaneciam abertas, um deles entrou e o outro ficou batendo na porta da frente. Não consegui entender o que estava acontecendo. O homem que estava batendo na porta de entrada foi para a frente do para-brisa e disparou duas vezes. Mas não nos atingiu, não estourou o vidro. Consegui abrir a porta, ele entrou, pediu para eu ficar sentada. O outro espalhava gasolina no ônibus quando o da frente gritou: “Larga tudo e desce. Desce!”.

 

O FOGO

Ficou tudo dentro da ônibus, a pochete com o dinheiro, minha bolsa, meus documentos. Ficamos (ela e o cobrador) do lado de fora quando espalharam mais gasolina. Atiraram mais duas ou três vezes pela porta da frente, até provocar o incêndio. Quando pegou fogo, pedimos socorro nas casas próximas. Eles (os bandidos) saíram correndo morro abaixo e escutamos um ronco de moto. Foi um momento de desespero, de terror, de muito medo.

 

O FUTURO

Nunca esperei passar por uma situação de tamanha violência. A gente escuta, vê na televisão. Mas não penso em parar de dirigir. Minha vida, que é dirigir, continua, não pode parar. Mas o medo continuará por alguns dias.

 

 

ACONTECEU NA ALESC

 

Autor retira projeto de lei complementar que afrontava a Polícia Militar

Ainda no campo da segurança pública, o deputado Ismael dos Santos (PSD) anunciou da tribuna a retirada do Projeto de Lei Complementar (PLC) 30/12, de sua autoria, que retirava a obrigatoriedade do curso superior para os interessados em ingressar na Polícia Militar. Ele tomou essa decisão após ouvir a opinião de policiais sobre o projeto e de discuti-lo com a sociedade por meio das redes sociais.

 

Deputados sugerem moção em solidariedade às forças policiais do Estado

Os ataques a ônibus e a forças policiais, ocorridos nas últimas 24 horas na Grande Florianópolis, repercutiram na tribuna da Assembleia Legislativa durante a sessão ordinária desta terça-feira (13). Por sugestão do deputado Nilson Gonçalves (PSDB), todos os 40 parlamentares assinaram uma moção em solidariedade à Polícia Militar e à Polícia Civil, alvo dos atentados.

“As forças policiais podem estar apreensivas, por causa de suas famílias, mas assustadas com esses ataques, jamais”, afirmou Gonçalves. Ele afirmou que as ações do crime organizado têm se intensificado nos últimos meses e citou outras ocorrências, como o incêndio na delegacia de Paulo Lopes e o assassinato de uma agente prisional recentemente.

O deputado Sargento Amauri Soares (PDT) agradeceu pela moção e também alertou para as ameaças sofridas pelos servidores ligados à segurança pública. “É um fenômeno novo, que não deve ter sua gravidade minimizada”.

O parlamentar afirmou que, nos últimos anos, ao invés de fortalecer a segurança pública, o serviço público foi enfraquecido pelo Estado. Ele sugeriu o pagamento de horas-excedentes aos servidores, para aumentar imediatamente o efetivo, e a realização de revistas constantes nos presídios.

O líder da bancada do PT, Dirceu Dresch, pediu para que o governo estadual busque parcerias com o governo federal para enfrentar o problema. “Não se pode esperar tanto tempo para articular as ações com o governo federal, como fez São Paulo”, disse o deputado, referindo-se aos ataques sofridos pela polícia paulista.

 

 

BLOGS

 

Moacir Pereira

 

População exige mais segurança

Atentados, incêndios e mais violência marcaram o segundo dia de tensão em várias cidades de Santa Catarina.

De acordo com dados da segurança pública, foram registrados na noite passada 16 atentados em cinco cidades diferentes, com ônibus queimados e bases policiais atacadas por criminosos.

A audácia da bandidagem ultrapassou todos os limites.  As ações criminosas ocorreram horas depois que as autoridades estaduais concederam entrevista a imprensa anunciando medidas rigorosas de enfrentamento da violência.

De acordo com a Policia 21 pessoas foram detidas para novas investigações.

Na área da segurança pública os atentados são interpretados como resposta dos familiares dos presos por excessos que teriam sido cometidos no complexo penitenciário de São Pedro de Alcântara. Sistema prisional.

O grande problema é que estes atos de violência contra a própria policia catarinense deixam a impressão de a situação está fora de controle.

A população espera que o governo de um basta neste clima de terror que se espalha  pelo Estado.

Exige tranquilidade e segurança para viver e trabalhar.

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